terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

O MAIS LINDO PRONUNCIAMENTO ECOLÓGICO EMITIDO PELO HOMEM

Transcrição do texto "Equipe Floresta Brasil"
 

...................... A versão que apresentamos é a tradução de uma das mais famosas versões da Carta do Cacique Seattle, divulgadas durante a década de 70. A foto do Grande Cacique Seattle (1787-1866) é de autoria de E.M.Sammis: seu original encontra-se na “Special Collection” da Universidade de Washington, sob o nº NA 1511.

Ambos os textos, do artigo do Dr. Henry A. Smithe e do pronunciamento em si, foram obtidos, em inglês, no site:

O texto do artigo do Dr. Henry Smith, que se encontra logo abaixo, foi traduzido pela equipe de Floresta Brasil diretamente do artigo original, publicado em inglês em 1887, que se encontra na seção em língua inglesa de nossa página (http://www.florestabrasil.org.br).




Fonte: "Trechos de um diário: O Cacique Seattle: Um cavalheiro por instinto". 10º artigo da série “Primeiras Reminiscências” - Seattle Sunday Star, 29 de outubro de 1887 do articulista Henry Smith (tradução livre, pela equipe de Floresta Brasil)
  

O pronunciamento do Cacique Seattle
(discurso pronunciado após a fala do encarregado de negócios indígenas do governo norte-americano, Governador Stevens, haver dado a entender que desejava adquirir as terras de sua tribo Duwamish).

"O grande chefe de Washington mandou dizer que desejava comprar a nossa terra, o grande chefe assegurou-nos também de sua amizade e benevolência. Isto é gentil de sua parte, pois sabemos que ele não precisa de nossa amizade.
Vamos, porém, pensar em sua oferta, pois sabemos que se não o fizermos, o homem branco virá com armas e tomará nossa terra. O grande chefe de Washington pode confiar no que o Chefe Seattle diz com a mesma certeza com que nossos irmãos brancos podem confiar na alteração das estações do ano.
Minhas palavras são como as estrelas que nunca empalidecem.
Como podes comprar ou vender o céu, o calor da terra? Tal idéia nos é estranha. Se não somos donos da pureza do ar ou do resplendor da água, como então podes comprá-los? Cada torrão desta terra é sagrado para meu povo, cada folha reluzente de pinheiro, cada praia arenosa, cada véu de neblina na floresta escura, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados nas tradições e na consciência do meu povo. A seiva que circula nas árvores carrega consigo as recordações do homem vermelho.
O homem branco esquece a sua terra natal, quando - depois de morto - vai vagar por entre as estrelas. Os nossos mortos nunca esquecem esta formosa terra, pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela é parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs; o cervo, o cavalo, a grande águia - são nossos irmãos. As cristas rochosas, os sumos da campina, o calor que emana do corpo de um mustang, e o homem - todos pertencem à mesma família.
Portanto, quando o grande chefe de Washington manda dizer que deseja comprar nossa terra, ele exige muito de nós. O grande chefe manda dizer que irá reservar para nós um lugar em que possamos viver confortavelmente. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Portanto, vamos considerar a tua oferta de comprar nossa terra. Mas não vai ser fácil, porque esta terra é para nós sagrada.
Esta água brilhante que corre nos rios e regatos não é apenas água, mas sim o sangue de nossos ancestrais. Se te vendermos a terra, terás de te lembrar que ela é sagrada e terás de ensinar a teus filhos que é sagrada e que cada reflexo espectral na água límpida dos lagos conta os eventos e as recordações da vida de meu povo. O rumorejar d'água é a voz do pai de meu pai. Os rios são nossos irmãos, eles apagam nossa sede. Os rios transportam nossas canoas e alimentam nossos filhos. Se te vendermos nossa terra, terás de te lembrar e ensinar a teus filhos que os rios são irmãos nossos e teus, e terás de dispensar aos rios a afabilidade que darias a um irmão.
Sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de viver. Para ele um lote de terra é igual a outro, porque ele é um forasteiro que chega na calada da noite e tira da terra tudo o que necessita. A terra não é sua irmã, mas sim sua inimiga, e depois de a conquistar, ele vai embora, deixa para trás os túmulos de seus antepassados, e nem se importa. Arrebata a terra das mãos de seus filhos e não se importa. Ficam esquecidos a sepultura de seu pai e o direito de seus filhos à herança. Ele trata sua mãe - a terra - e seu irmão - o céu - como coisas que podem ser compradas, saqueadas, vendidas como ovelha ou miçanga cintilante. Sua voracidade arruinará a terra, deixando para trás apenas um deserto.
Não sei. Nossos modos diferem dos teus. A vista de tuas cidades causa tormento aos olhos do homem vermelho. Mas talvez isto seja assim por ser o homem vermelho um selvagem que de nada entende.
Não há sequer um lugar calmo nas cidades do homem branco. Não há lugar onde se possa ouvir o desabrochar da folhagem na primavera ou o tinir das assa de um inseto. Mas talvez assim seja por ser eu um selvagem que nada compreende; o barulho parece apenas insultar os ouvidos. E que vida é aquela se um homem não pode ouvir a voz solitária do curiango ou, de noite, a conversa dos sapos em volta de um brejo? Sou um homem vermelho e nada compreendo. O índio prefere o suave sussurro do vento a sobrevoar a superfície de uma lagoa e o cheiro do próprio vento, purificado por uma chuva do meio-dia, ou recendendo a pinheiro.
O ar é precioso para o homem vermelho, porque todas as criaturas respiram em comum - os animais, as árvores, o homem.
O homem branco parece não perceber o ar que respira. Como um moribundo em prolongada agonia, ele é insensível ao ar fétido. Mas se te vendermos nossa terra, terás de te lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar reparte seu espírito com toda a vida que ele sustenta. O vento que deu ao nosso bisavô o seu primeiro sopro de vida, também recebe o seu último suspiro. E se te vendermos nossa terra, deverás mantê-la preservada, feita santuário, como um lugar em que o próprio homem branco possa ir saborear o vento, adoçado com a fragrância das flores campestres.
Assim pois, vamos considerar tua oferta para comprar nossa terra. Se decidirmos aceitar, farei uma condição: o homem branco deve tratar os animais desta terra como se fossem seus irmãos.
Sou um selvagem e desconheço que possa ser de outro jeito. Tenho visto milhares de bisões apodrecendo na pradaria, abandonados pelo homem branco que os abatia a tiros disparados do trem em movimento. Sou um selvagem e não compreendo como um fumegante cavalo de ferro possa ser mais importante do que o bisão que (nós - os índios) matamos apenas para o sustento de nossa vida.
O que é o homem sem os animais? Se todos os animais acabassem, o homem morreria de uma grande solidão de espírito. Porque tudo quanto acontece aos animais, logo acontece ao homem. Tudo está relacionado entre si.
Deves ensinar a teus filhos que o chão debaixo de seus pés são as cinzas de nossos antepassados; para que tenham respeito ao país, conta a teus filhos que a riqueza da terra são as vidas da parentela nossa. Ensina a teus filhos o que temos ensinado aos nossos: que a terra é nossa mãe. Tudo quanto fere a terra - fere os filhos da terra. Se os homens cospem no chão, cospem sobre eles próprios.
De uma coisa sabemos. A terra não pertence ao homem: é o homem que pertence à terra, disso temos certeza. Todas as coisas estão interligadas, como o sangue que une uma família. Tudo está relacionado entre si. Tudo quanto agride a terra, agride os filhos da terra. Não foi o homem quem teceu a trama da vida: ele é meramente um fio da mesma. Tudo o que ele fizer à trama, a si próprio fará.
Os nossos filhos viram seus pais humilhados na derrota. Os nossos guerreiros sucumbem sob o peso da vergonha. E depois da derrota passam o tempo em ócio, envenenando seu corpo com alimentos adocicados e bebidas ardentes. Não tem grande importância onde passaremos os nossos últimos dias - eles não são muitos. Mais algumas horas, mesmos uns invernos, e nenhum dos filhos das grandes tribos que viveram nesta terra ou que têm vagueado em pequenos bandos pelos bosques, sobrará, para chorar sobre os túmulos de um povo que um dia foi tão poderoso e cheio de confiança como o nosso.
Nem o homem branco, cujo Deus com ele passeia e conversa como amigo para amigo, pode ser isento do destino comum. Poderíamos ser irmãos, apesar de tudo. Vamos ver, de uma coisa sabemos que o homem branco venha, talvez, um dia descobrir: nosso Deus é o mesmo Deus. Talvez julgues, agora, que o podes possuir do mesmo jeito como desejas possuir nossa terra; mas não podes. Ele é Deus da humanidade inteira e é igual sua piedade para com o homem vermelho e o homem branco. Esta terra é querida por ele, e causar dano à terra é cumular de desprezo o seu criador. Os brancos também vão acabar; talvez mais cedo do que todas as outras raças. Continuas poluindo a tua cama e hás de morrer uma noite, sufocado em teus próprios desejos.
Porém, ao perecerem, vocês brilharão com fulgor, abrasados, pela força de Deus que os trouxe a este país e, por algum desígnio especial, lhes deu o domínio sobre esta terra e sobre o homem vermelho. Esse destino é para nós um mistério, pois não podemos imaginar como será, quando todos os bisões forem massacrados, os cavalos bravios domados, as brenhas das florestas carregadas de odor de muita gente e a vista das velhas colinas empanada por fios que falam. Onde ficará o emaranhado da mata? Terá acabado. Onde estará a águia? Irá acabar. Restará dar adeus à andorinha e à caça; será o fim da vida e o começo da luta para sobreviver.
Compreenderíamos, talvez, se conhecêssemos com que sonha o homem branco, se soubéssemos quais as esperanças que transmite a seus filhos nas longas noites de inverno, quais as visões do futuro que oferece às suas mentes para que possam formar desejos para o dia de amanhã. Somos, porém, selvagens. Os sonhos do homem branco são para nós ocultos, e por serem ocultos, temos de escolher nosso próprio caminho. Se consentirmos, será para garantir as reservas que nos prometestes. Lá, talvez, possamos viver o nossos últimos dias conforme desejamos. Depois que o último homem vermelho tiver partido e a sua lembrança não passar da sombra de uma nuvem a pairar acima das pradarias, a alma do meu povo continuará vivendo nestas floresta e praias, porque nós a amamos como ama um recém-nascido o bater do coração de sua mãe.
Se te vendermos a nossa terra, ama-a como nós a amávamos. Preteje-a como nós a protegíamos. Nunca esqueças de como era esta terra quando dela tomaste posse: E com toda a tua força o teu poder e todo o teu coração - conserva-a para teus filhos e ama-a como Deus nos ama a todos. De uma coisa sabemos: o nosso Deus é o mesmo Deus, esta terra é por ele amada.
Nem mesmo o homem branco pode evitar o nosso destino comum.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

"Tudo que você queria saber sobre Sacolas Plásticas, mas nunca teve coragem de perguntar"

O titulo é plágio de um belo filme do Woody Allen.
Quem tem mais de 50, sabe do que estou falando.
Não importa, se você tem 50 ou menos, você acabará sabendo tudo sobre as ditas sacolinhas, alvo de "contras" e a "favor" da eliminação das dita-cujas.   Uma amiga minha e ex-colega do INPE, entre 1969 e 1972, Mary Lou, nos encaminhou uma postagem com informações sobre o tema, fora-de-série,"hors-concours", muito especial. Ela nos transmite uma experiência de vida, sobre a sua dificuldade de adaptar-se a realidade de um país muitos e muitos anos a nossa frente. Ela narra o choque cultural, quando há mais de trinta anos mudou-se para o Japão, com o marido japonês. Acompanhe:

"Lixo no Japão"
"Quando fui morar no Japão, em 1981, a coisa que mais preocupava era a seleção do lixo. Tanto que o primeiro artigo que escrevi para a Revista Portal, da comunidade nipo-brasileira(não circula mais), foi sobre esse assunto.
Não estava ainda acostumada em selecionar o lixo, que na época era apenas dividido em combustível e não-combustível (que não significava reciclável). Tinha dúvidas atrozes como: esta meia que puxou o fio e' combustível ou não-combustível, por exemplo. Kiyoshi me ensinava tudo e, na dúvida, esperava ele chegar para elucidar meu problema. O meu medo e' que, sendo a única "gaijin" (estrangeira) da vizinhança, iam logo descobrir que eu tinha sido a causadora de algum envenenamento geral por errar na separação do lixo. 
Também descobri que havia ilhas "de lixo", que não eram lixão, mas sim, aterros feitos na Baía de Tóquio, utilizando lixo não perecível como um dos materiais. Quis conhecer essas ilhas. Para o meu espanto, eram muito aprazíveis, com parques, árvores, flores, pássaros e observatórios para pássaros, avenidas largas e muita área de lazer. Não cheiravam mal e eram seguras. Tinha imaginado que essas ilhas eram feitas de fraldas descartáveis que levam mais de 500 anos para se decompor, catálogos telefônicos velhos, latinhas vazias e esmagadas de refrigerante e outros produtos domésticos, tudo grudado com chiclete.
Qual! Eram aterros bem feitos, havia camadas de terra e por cima ninguém diria que eram feitas de lixo.
Havia e ha' também usinas de lixo, em alguns pontos da cidade e as pessoas podiam utilizar as piscinas térmicas, com calor gerado pela incineracão de lixo, que eram construídas ao lado delas. Nada de gases tóxicos, resíduos e cheiro ruim nesses lugares.
Nessa época ainda se usavam os sacos plásticos de supermercado para descartar o lixo. E eu também os usava.
Mas, pouco tempo depois, numa viagem a Europa, descobri que os supermercados de lá cobravam pelos sacos de plástico. Eu, desavisada, tive que pagar o meu na Alemanha. Mas logo descobri que toda gente levava sua própria sacola ou utilizava as caixas de papelão colocadas a disposição perto dos caixas. Comprei uma linda sacola, que levei quando voltei ao Japão. Ela ficava pendurada na entrada da casa e, quando eu ia ao supermercado, ela ia comigo. No começo, os caixas de supermercado estranhavam aquela "gaijin" que recusava os sacos plásticos. Pouco tempo depois, os supermercados passaram a estimular quem levava sua própria sacola, oferecendo um troquinho para quem tivesse 20 carimbinhos num cartão, que eles distribuíam e carimbavam a cada compra sem sacola. Assim, ja' não precisava ver a cara feia que faziam para mim quando eu recusava os sacos plásticos.
Ao mesmo tempo, as prefeituras começaram a fazer uma seleção do lixo baseada não apenas em combustível/não-combustível, mas em diversas categorias. Na frente dos supermercados a gente deixava as garrafas PET lavadas em um latão; as tampas de plástico dessas garrafas em outro, as caixas de leite devidamente lavadas, secas e abertas em outro. No meu prédio, havia separação por 19 ítems diferentes: lixo orgânico, papéis, jornais e revistas, garrafas de vidro transparente, garrafas de vidro marrom, lâmpadas fluorescentes+comuns, latas de conservas, garrafas e recipientes de plástico, papelão, roupas para reciclagem, pedaço de madeira, terra e outras coisas mais. O lixo de grande porte era um caso a parte: a gente precisava marcar com a companhia de limpeza urbana para que viessem busca'-lo, mediante um pagamento. Quanto aos eletrodomésticos, em geral, as lojas que nos vendiam os novos, levavam os velhos…
Outra mudança: as prefeituras passaram a vender sacos plásticos semi-transparentes de um material degradável, que tinham neles o carimbo da cidade. Era a taxa de lixo (não havia outra!). Assim, quem produzia mais lixo, pagava mais, porque precisava de mais sacos plásticos e o lixo não colocado nesses sacos não era recolhido, mas era marcado, com uma advertência colada nele.
No final da década de 1980 e inicio da de 1990, o Japão recebeu um grande número de dekasseguis brasileiros. Eles moravam e trabalhavam em cidades pequenas espalhadas pelo pais. Então, cada cidade mandava traduzir os folhetos explicativos de separação de lixo, de datas de coleta etc. Eram folhetos fáceis de entender, com muita ilustração e cores. Os responsáveis dessas prefeituras pensando nesses trabalhadores brasileiros, mandavam traduzí-los para o português. Fiz muitas traduções desses folhetos, pois cada prefeitura tinha o seu sistema de seleção de lixo diferente. Kiyoshi ria de mim, dizendo que eu tinha PhD em lixo! Pelo menos, já não tinha medo de passar a vergonha de não saber separar o lixo.
O tempo passou e vim morar no Brasil, em Floripa. Aqui ha' separação de apenas lixo orgânico e lixo reciclável e não ha' impedimento do uso de sacos plásticos. Apenas, agora, as pessoas estão se conscientizando e utilizando sacolas e carrinhos para as compras no supermercado. Ainda me olham feio quando recuso em todas as lojas que me deem sacolas de plástico, mas ja' passei por isso, e sei que logo vão me achar normal e não uma velha excêntrica!
Das ultimas vezes em que fui ao Japão, vi na casa de Kiyoshi uma máquina de compactar o lixo orgânico. Kiyoshi aproveitou que a prefeitura local estava oferencendo na época estes aparelhos por um preço menor, para quem se habilitasse. Ela e' compacta e se ajusta perfeitamente as casas japonesas, que são bem pequenas. Kiyoshi a batizou de Chorumina.
Chorumina trabalha silenciosamente e o resultado e' um lixo ate' cheiroso e fácil de ser descartado. No caso dele, um amigo que tem uma pequena plantação, faz uma troca entre o resultado do trabalho da Chorumina, que junto com algumas bacterias se transforma em composto, por algum vegetal ou fruta que tenha plantado e colhido. Os dois estão satisfeitos e "o planeta agradece", como se diz."

Mary Lou Rebelo
Florianópois, 5 de fevereiro de 2012
Assim, amigo pinhalense, esse texto acima enviado pela minha amiga Mary Lou, mostra que é melhor a gente ir se acostumando com a Lei da Sacola Plástica de autoria do nosso vereador José Antônio, e que já deveria estar funcionando aqui na nossa pequena cidade pelo menos há dois anos. Como vemos, é uma  questão cultural e de tempo.